domingo, 25 de março de 2012

Testemunho de uma mulher refugiada



Cura para uma refugiada em dor


“De repente, fui arrancada de todas as coisas familiares, o medo invadiu meu coração, e precisei contar com a boa vontade de estranhos, num país que não conhecia. O estresse de tentar superar a língua, e me adaptar a comer outros tipos de alimento é muito difícil e muito solitário.”
Quando Mehret* se converteu aos 29 anos, já havia passado por várias crises dolorosas na vida. Depois de crescer em uma família rica, ela se apaixonou por um jovem de sua cidade, porém ele a abandonou quando ela manifestou uma doença de pele incurável.
No sexto mês de gravidez de seu filho, Mehret caiu em desespero e se jogou de sua varanda. "Eu ainda não estou certa se queria tirar a minha própria vida, a do meu filho, ou de ambos. ", afirmou.
Embora ela e seu filho recém-nascido tenham sobrevivido, ela ficou tão envergonhada por sua aparência desfigurada que passou a cobrir o rosto. Através de um vizinho cristão, que compartilhava o amor de Deus com ela e a levou para uma igreja evangélica, Mehret confiou em Cristo e começou a lidar com o fato de ser mãe solteira e com sua enfermidade.
Dez anos mais tarde, as autoridades da Eritreia começaram uma repressão feroz contra os cultos não oficiais e Deus a levou a renunciar seu trabalho para dedicar-se em tempo integral na igreja.
"Fui para a linha de frente quando o governo começou a perseguir os cristãos", disse ela. "Quando a nossa igreja foi fechada, me ofereci para hospedar comunidades secretas em minha casa. Então não me surpreendi quando fui presa em 2004."
Mehret não foi torturada e, depois de três meses, foi solta com severas advertências para parar de realizar reuniões da igreja. Mas ela não parou, e então quando foi novamente presa em 2006, foi espancada. Percebendo que sua vida estava em perigo, decidiu jejuar por intervenção de Deus. As autoridades da prisão entraram em pânico, pensando que ela estava em greve de fome até à morte. Após 52 dias, eles a liberaram sob a custódia de sua irmã.
"Eu estava muito magra e fraca, já que só tomava pequenos goles de água, mas aos poucos me recuperei."
A esta altura, os cristãos da Eritreia tinham estabelecido uma rede de apoio clandestino para contrabandear comida, medicamentos e até Bíblias para os cristãos presos. "Depois de ser detida duas vezes, eu entendi o impacto disso para os presos, e trabalhei ainda mais para enviar suprimentos", disse Mehret.
Então, em meados de 2009, um líder de sua igreja que havia sido preso por quatro anos ficou muito doente. Temendo que ele morresse na prisão, os oficiais o soltaram sob custódia. "Me foram dadas ordens estritas para que ninguém o visse ou houvesse qualquer contato dele com o mundo exterior."
Mas sua saúde continuou a deteriorar-se, e sem assistência médica adequada disponível na Eritreia, ele fugiu do país para buscar tratamento no Exterior.
Sua fuga deixou Mehret em risco, enfrentando as repercussões, uma vez que o Governo percebeu que ele estava desaparecido. Então ela fugiu um dia antes de as autoridades chegarem para prendê-la. "Eles saquearam minha casa e ameaçaram minha família, exigindo saber o meu paradeiro. Deus me tirou na hora certa!"
Uma vez foragida, Mehret foi levada por um companheiro refugiado que a conectou com a Portas Abertas. A equipe da Portas Abertas auxiliou nas necessidades básicas, como o pagamento do aluguel, enquanto os documentos específicos para os refugiados estavam sendo processados, o que é sempre um processo muito demorado.
"A equipe da Portas Abertas orou comigo e me incentivou, oferecendo sua amizade e apoio quando me senti desanimada", disse Mehret. "Neles eu encontrei uma nova família e, o melhor de tudo, posso ver o amor de Cristo em ação através deles."
"E eles nem notaram a minha doença na pele!", ela afirma. "Isso me ajudou muito, a me aceitar. Agora não cubro meu rosto."
"Ser uma refugiada é muito difícil. Sinto falta da minha família, especialmente do meu filho", disse Mehret. "Mas eu sou grata, porque tudo isso me ensinou a confiar no Senhor, de uma maneira que nunca fiz antes. Eu sei que me encontrarei com meu filho no lugar que Deus preparou para nós - talvez em outro país, ou aqui, ou quando eu voltar para casa, se a situação mudar.”
"Eu confio em Deus, porque Ele me prometeu: 'Eu tenho um lugar para você, minha filha. Seja paciente’. "
* Pseudônimo
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoCarla Priscilla Nogueira
 
 
 
 
"Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;" 2 Coríntios 4:9
 
 

domingo, 11 de março de 2012

A verdade sobre a mentira



O mistério da mentira

As "palavras certas" no convívio com os outros são cada vez mais pura mentira. Pois apresentar a verdade em doses reduzidas facilita a vida. Os americanos chamam essa "forma elaborada" de comunicação de "mentiras brancas". Aqueles que sempre dizem a verdade são considerados irremediavelmente ingênuos. Além disso, eles facilmente ganham inimigos. Calcula-se que uma mentira vem aos nossos lábios cerca de 200 vezes por dia, em média uma a cada 5 minutos. Começando por falsos elogios ("Você está com excelente aparência!") até mentiras descaradas ("Hoje eu não posso ir ao escritório, estou gripado").
Há alguns anos ocupam-se com o mistério da mentira não apenas filósofos, mas também cientistas políticos e psicólogos. O resultado das pesquisas sobre a mentira:
– Mentira e engano estão nos nossos genes, foram e são o motor da evolução. Os biólogos presumem que o desenvolvimento do cérebro humano só foi possível por ter que lidar com enganos.
– Nós adulamos, engodamos e sorrimos diariamente com olhar inocente para manter uma boa atmosfera ou para nos apresentar numa luz mais favorável. Principalmente os cônjuges e familiares são enganados de maneira intensa. Eles são vítimas de dois terços de todas as mentiras graves – segundo as análises de diários da psicóloga americana Bella DePaulo da Universidade da Virgínia em Charlottesville.
– Talento para enganar é sinal de inteligência – um fator de sucesso, tão útil como perspicácia, intuição ou criatividade. "O sucesso profissional de um executivo depende em 80% da sua inteligência social", afirma Howard Gardner, psicólogo da Harvard School of Education. Também Peter Stiegnitz, um pesquisador da mentira em Viena (Áustria), pensa que os "carreiristas preferem trabalhar com jeito e charme ao invés de fazê-lo com aplicação e perseverança".
O objetivo da educação diplomática: as crianças já aprendem desde cedo que é melhor não dizer à sua antipática tia que acham o beijo lambuzado dela nojento. A alegria dissimulada da mãe ao receber o presente de Natal inútil, os doces escondidos furtivamente e a lei do silêncio sobre inconvenientes familiares são modelos e treinamento para as mentiras diárias no futuro.
Entretanto, as crianças só compreendem a necessidade de mentir entre o segundo e quarto ano de vida, e isso ocorre tanto mais cedo quanto mais inteligentes elas forem. Até então elas não sabem distinguir entre fantasia e realidade. Quando descobrem, então, quão refinadamente é possível lograr os outros, elas o fazem primeiramente em proveito próprio – a fim de evitar castigos ou para receber alguma recompensa. Mais ou menos a partir dos oito anos de idade elas aprendem a diferenciar a simpatia verdadeira da falsa.
No máximo durante a adolescência os jovens aprendem a distinguir com certa precisão se alguém está sendo sincero ou não... (Focus)
É vergonhoso como hoje em dia se lida levianamente com o conceito "mentira" ou com a própria mentira. Há pesquisas e estudos sobre a mentira, tenta-se explicá-la, procura-se a sua origem, mas em geral ela é considerada inofensiva, sim, até mesmo uma necessidade da vida e, em última análise, como algo bom.
Entretanto, como em todas as questões relativas à vida, também sobre a mentira somente a Bíblia – e não quaisquer "pesquisadores da mentira" – pode nos dar a melhor orientação. Ela nos mostra que a mentira não é um mistério, conforme diz o artigo citado, mas um pecado há muito revelado. A mentira consiste em rejeitar a verdade de Deus. Sobre os mentirosos está escrito: "Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira..." (Rm 1.25). Por isso a mentira se estende por toda a história da humanidade. Ela é a culpada pela queda do homem e causa de todos os sofrimentos e de muitas lágrimas.
A mentira não tem sua origem na evolução, mas em Satanás – ele é chamado "pai da mentira". O Senhor Jesus Cristo mostrou isso de maneira inequívoca quando disse: "Vós sois do Diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque eu digo a verdade, não me credes" (Jo 8.44-45). Assim, o pecado só entrou no mundo por meio da mentira, pois Satanás enganou os primeiros seres humanos através da mentira: "É certo que não morrereis... mas sereis como Deus" (Gn 3.4-5). A realidade da mentira e do pecado em si falam contra a evolução e a favor do relato da Bíblia, de que somos uma criação caída.
Com toda a certeza a mentira não é indicação de inteligência, mas um sinal característico de uma vida sem Deus, que não ama a verdade e é a identificação de uma natureza pecaminosa. Em 1 João 2.21 está escrito: "...mentira alguma jamais procede da verdade." Por isso, a crescente tendência para a mentira em nossos dias também é um sinal evidente dos tempos finais: "Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência" (1 Tm 4.1-2).
Como a mentira é o oposto exato da verdade de Deus e assim rejeita o próprio Deus da maneira mais grosseira, ela também será julgada com dureza pelo Deus santo. No último livro da Bíblia está escrito duas vezes com inequívoco rigor:
– "Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro" (Ap 21.27).
– "Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira" (Ap 22.15).
Parece que o pouco de verdade que há no artigo citado é que uma inverdade passa pelos nossos lábios aproximadamente 200 vezes por dia. Em face desta realidade da mentira, como deveríamos tremer diante da verdade que o próprio Senhor Jesus descreve assim: "Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo" (Mt 12.36).
Somente estas poucas afirmações da Bíblia nos colocam diante da verdade de que nenhuma pessoa pode ser salva por meio dos próprios esforços. Bastaria pensar isso, para mentir a si mesmo. Mas, Jesus Cristo veio para isto: Ele, a Verdade de Deus em pessoa, a fim de tomar sobre si a nossa culpa, para que nós, exclusivamente pela graça, pudéssemos ser libertos da mentira. Por isso o Senhor Jesus diz em outra passagem: "Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8.31-32). Verdade é reconhecer a mentira como aquilo que ela é: um pecado que nos separa de Deus. Mas verdade também é saber que podemos confessar a Jesus a mentira e todos os nossos outros pecados e pedir perdão. Verdade também é que, então, podemos aceitar o perdão pela fé e com gratidão. Aquele que fizer isso com sinceridade e de todo o coração, receberá o perdão (1 Jo 1.7 e 9), pois Deus não pode mentir.

Norbert Lieth