segunda-feira, 24 de junho de 2013

Seguirei o meu caminho







Morreram também Malom e Quiliom, e Noemi ficou sozinha, sem os dois filhos e o seu marido.
Quando Noemi soube em Moabe que o Senhor viera em auxílio do seu povo, dando-lhe alimento, decidiu voltar com suas duas noras para a sua terra.
Assim ela, com as duas noras, partiu do lugar onde tinha morado. Enquanto voltavam para a terra de Judá,
Noemi disse às duas noras: "Vão! Voltem para a casa de suas mães! Que o Senhor seja leal com vocês, como vocês foram leais com os falecidos e comigo.
O Senhor conceda que cada uma de vocês encontre segurança no lar doutro marido". Então deu-lhes beijos de despedida. Mas elas começaram a chorar bem alto
e lhe disseram: "Não! Voltaremos com você para junto de seu povo! "
Disse, porém, Noemi: "Voltem, minhas filhas! Por que viriam comigo? Poderia eu ainda ter filhos, que viessem a ser seus maridos?
Voltem, minhas filhas! Vão! Estou velha demais para ter outro marido. E mesmo que eu pensasse que ainda há esperança para mim — ainda que eu me casasse esta noite e depois desse à luz filhos,
iriam vocês esperar até que eles crescessem? Ficariam sem se casar à espera deles? De jeito nenhum minhas filhas! Para mim é mais amargo do que para vocês, pois a mão do Senhor voltou-se contra mim! "
Elas então começaram a choram bem alto de novo. Depois Orfa deu um beijo de despedida em sua sogra, mas Rute ficou com ela.
Então Noemi a aconselhou: "Veja, sua concunhada está voltando para o seu povo e para o seu deus. Volte com ela! "
Rute, porém, respondeu: "Não insistas comigo que te deixe e não mais a acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus!
Onde morreres morrerei, e ali serei sepultada. Que o Senhor me castigue com todo o rigor, se outra coisa que não a morte me separar de ti! "
Quando Noemi viu que Rute estava de fato decidida a acompanhá-la, não insistiu mais. 
Rute 1:5-18



Seguirei o meu caminho. Esta foi a escolha da Orfa, nora de Noemi.
Quantas vezes percebemos que aqueles que estão ao nosso lado terão  maiores chances na vida distantes de nós, este foi o entendimento de Noemi ao olhar para circunstância que estava vivendo como uma viúva sem posses, sem filhos com idade avançada; não havia para ela futuro nem para quem estivesse ao seu lado. O egoismo não fazia morada na alma de Noemi , a tristeza sim mas a mesquinhes não; logo ela deseja que suas noras que eram jovens e tinham tudo para recomeçar suas vidas retornem para seus familiares e tenham novas oportunidades para amar e serem amadas. A escolha de Orfa foi de retornar à sua parentela e reconstruir sua vida abrindo mão do seu passado. Rute porém escolhe permanecer com sua sogra. Rute era viúva também ela conhecia a dor da perda, a dor da solidão e sabia o que significava a escolha de permanecer ao lado de Noemi.
Noemi nos ensina o desprendimento, a generosidade e responsabilidade. 
Orfa nos lembra que quando pedimos para aqueles que nos amam e que nós amamos escolher o caminho a seguir eles escolherão seguir o que para eles será o melhor mesmo que este melhor seja construir uma nova jornada sem a nossa presença.
Rute nos ensina que existe aqueles que estão dispostos a seguir conosco o percurso da vida até a morte se preciso for. No caso de Rute ela foi mais que uma nora para Noemi foi uma filha, uma amiga e uma restauradora de esperança.
Orfa e Rute escolheram oque era o melhor para suas vidas. Quem fez a melhor opção? A história biblica não relata o que ocorreu com Orfa mas nos diz como foi a vida de Rute após sua escolha, uma vida dura de muito trabalho e humildade mas também uma vida repleta de recompensa. Ela casou-se com Boaz , seu remidor, torna-se mãe e mesmo como uma estrangeira passa a fazer parte da genealogia do Senhor Jesus.
Noemi no fim de sua vida pode usufruir do fruto da sua bondade e liberalidade ao ter de volta sua propriedade e viver através da vida de Rute a alegria de ser avó.   
     

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A mulher na Indiana: uma vida de sacrifícios





Já é quase dia e ainda pode-se ouvir os gritos que vêm de dentro do pequeno barraco. Homens do lado de fora fumam sem parar, a fim de controlar a ansiedade. Lá dentro, a jovem, quase menina, experimenta horas de dores até finalmente ver seu bebê nascer.

A parteira pega a criança e, com olhar de desprezo diz: "Sinto muito, é uma menina". Os homens da família tentam consolar o pai, que fica arrasado. Batendo no peito, ele grita aos deuses perguntando o que foi que ele fez para merecer isso. Minutos depois, em uma cerimônia assustadora, o pai levanta a criança inocente nos braços e, antes de afogá-Ia em um barril de leite, diz: "No ano que vem, você será um menino".

Andando pelas ruas de qualquer cidade da índia, é impossível não notar a falta de mulheres. O número de homens que se vê é muito maior. Indianos de classe alta afirmam que a prática de se matar meninas já não é mais tão comum, mas a realidade mostra outra coisa.

Para tentar acabar com essa chacina, o governo proibiu a realização de ultrassom para saber o sexo do bebê. Porém, o apelo de clínicas clandestinas e a realidade social falam mais alto. Em qualquer cidadezinha mais remota da índia, estas clínicas fazem o exame por apenas 10 dólares e, com uma taxa adicional, já fazem o aborto se o feto for do sexo feminino. Alguns desses lugares fazem a seguinte propaganda: "Pague 500 rúpias agora e economize 50 mil no futuro", fazendo referência ao dote que o pai da noiva precisa dar à família do noivo no casamento.

Quando a família arranja um casamento para a menina, um valor combinado deve ser pago para a família do noivo. Quando isso não acontece devidamente, a noiva corre o risco de ser queimada viva em um ato desumano chamado bride-burning, que pode ser traduzido por "queima da noiva".

Em alguns casos, quando o dinheiro do dote acaba, ou é insuficiente, o noivo e sua mãe passam a considerar a noiva indesejável e os maus-tratos começam até que, em último caso, o noivo mata a esposa para poder se casar com outra mulher.

O termo bride-burning começou a ser usado porque essas mulheres geralmente morrem na cozinha, enquanto preparam a refeição da família. Alguém despeja querosene no ambiente, e outro acende o fósforo. A morte é reportada como "acidente doméstico" com o fogão à lenha.

Dados oficiais do governo da índia apontam 7 mil casos de bride-burning por ano. ONGs afirmam que é o dobro - um artigo chega a falar em 25 mil mortes.
 
Além da prática de assassinato, é comum a tortura dessas mulheres. Algumas são tão agredidas pela família do noivo que se tornam portadoras de deficiências físicas, com ainda mais dificuldade para trabalhar duramente, como é esperado delas.

O sistema de castas torna a vida das mulheres indianas ainda mais difícil. As mulheres dalit, da casta mais baixa, são as que mais sofrem. São consideradas inferiores aos cães, e "intocáveis", por serem impuras. Mesmo assim, têm sido exploradas sexualmente e são as maiores vítimas da AIOS.

Mulheres dalit não têm direito ao estudo nem ao sistema de saúde. Do total, 90% trabalha na agricultura e são chamadas de servas. Elas também são obrigadas, pela religião e tradição, a limpar os restos dos animas das ruas, sem receber nenhum pagamento por isso. Trabalham muito mais que os homens da mesma casta, mas ganham bem menos que eles.


As mulheres cristãs também enfrentam dificuldades. Em algumas famílias cristãs também existe a preferência por meninos ao invés de meninas. Por causa da religião, o aborto não chega a acontecer, mas a mãe sofre a culpa por ter tido uma menina que jamais carregará o nome da família.

Em alguns lugares da índia, como no Estado de Orissa, ser mulher e cristã é motivo dobrado para sofrer descaso, discriminação e violência. Como são consideradas sem valor, estupros e espancamentos são comuns.

O preconceito contra as cristãs também acontece com estrangeiras que moram no país, como foi o caso de Jarid Arraes Singh, cristã brasileira casada com Sandeep Singh, indiano, e que mora na índia há seis meses. Jarid conta o que aconteceu:

"No final de outubro do ano passado eu andava pelo mercado com minha cunhada, e um homem cuspiu em mim. O motivo? Ser cristã. Ele disse:

"Cristã!", e simplesmente cuspiu, como quem não está fazendo nada de mais. Minha cunhada imediatamente o chamou de "cachorro", mas ele saiu rindo enquanto a rua inteira assistia e ria. O que fazer se o governo indiano não se importa, se os próprios policiais ajudam a agredir os cristãos? O que fazer sendo apenas uma garota cristã no meio disso tudo? Submeter-me a rituais com os quais não concordo, nos quais não creio e não vejo nada de bom? Negar minhas convicções, minha fé, meu Deus?

Jamais. Prefiro ser cuspi da, estuprada, espancada, queimada, morta...".

Fonte: Revista Portas Abertas - Vol. 28 - Nº 3