Impossível não repercutir a notícia. Xuxa revelou no Fantástico, no
domingo 20 de maio, que sofreu abuso sexual até os 13 anos de idade, por várias
pessoas, em diferentes situações.
Foi? Não foi? Golpe de marketing? Por
que só agor a ?
Essas e tantas outras perguntas
pipocaram em seguida, lógico por ser ela uma celebridade midiática, que reflete
o anseio de uma grande parcela de brasileiras em termos de beleza, prestígio,
dinheiro e poder.
Xuxa é um espelho para gerações. Quando estava grávida, exibiu sua
barriga, exposta em rede nacional, e logo se via pelas ruas mulheres exibindo
sua gravidez, raramente com barrigas tão bonitas quanto a dela. Sua “produção independente”
e dedicação à filha foram também copiadas por celebridades
e anônimas que discursavam sobre a supremacia
dos filhos em detrimento do relacionamento conjugal e até fora dele. Enfim,
nuances de compor tamento que
refletem esta geração, mas também que
direcionam, muitas vezes, o comportamento de parcela da sociedade. Então
essa mulher célebre vem a público falar sobre seu trauma. Pondera que talvez seja
por causa do abuso sofrido que não consegue viver relacionamentos duradouros.
A pergunta que logo surge é: como foi este abuso? Como uma mulher,
especialmente uma criança, pode diagnosticar um abuso? Uma criança brinca com
alguém de confiança e de repente sente-se desconfortável pelo tipo pelo tipo toque.
É abuso? Não é? Foi sem querer? Não foi? Muitas vezes não há dúvida: foi abuso
mesmo. E aí as perguntas passam a ser: Tive culpa? Não tive? Foi algo que fiz?
É por causa do meu jeito? Por que me sinto tão envergonhada? Perguntas como as
que Xuxa se fez e que se fazem todas as mulheres que vivem situações semelhantes.
Para a mulher adulta, também é complicado diagnosticar o abuso. Você
vai fazer um exame clínico e a roupa que te oferecem, ou não, não corresponde
com a necessidade daquele exame, ou ainda você acha que dura mais do que
deveria. Um médico vai examinar uma mulher ou fazer um procedimento clínico e
demora ou a deixa em posição desconfortável, ou sem roupas, sem que ela veja
nisso uma necessidade. É abuso? Não é? Foi necessário? Não foi? Foi alguma
coisa que ela fez? Ou disse? E quando há o abuso mesmo, invasivo, como no caso
das mulheres atendidas pelo ex-médico Roger Abdelmassih, um dos mais renomados
especialistas em reprodução assistida do Brasil, que dopava e abusava das mulheres?
Vergonha, incredulidade, pesadelo são alguns dos sentimentos expressados pelas
mulheres.
O abuso sexual de crianças e das mulheres de maneira geral é um flagelo
social no Brasil e no mundo. Acontece na intimidade das famílias, nos
transportes públicos, em ambientes de trabalho e até em igrejas. Fatores
culturais, especialmente, são responsáveis pela visão da criança, filha mulher,
como propriedade, ou ainda das meninas da família, ou das mulheres de modo
geral como objetos que podem ser usados e abusados sem nenhum tipo de respeito.
Como a igreja, e especialmente mulheres em ministério, pastoras, podem
ajudar essas mulheres que sofreram abuso? Primeiro, motivar essa s mulheres
por meio de mensagens , e s t u d o s e um
ambiente de aceitação a buscarem ajuda. Segundo, criar ferramentas para
aconselhamento pastoral, oração, cura, libertação e terapia, no objetivo de
propiciar uma ajuda interdisciplinar. Mulheres na igreja têm que ter um
diferencial no cuidado e encontrar em Jesus, e sob a sua bênção, toda a cura
necessária para a sua alma. Em um ambiente cristão muitas vezes tão severo com
tudo que diz respeito à feminilidade, é preciso “feminilizar” nossa pastoral e
trazer a misericórdia, o amparo e a compreensão com que Deus sempre tratou as mulheres
em sua Palavra.
Fonte : O Jornal Batista , autor:Zenilda Reggiani Cintra Pastora e jornalista,Taguatinga, DF
E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
João 20:13-14