Prof. Dra. Márcia Maria Auxiliadora de Aquino
Você está esperando um bebê. Um passo muito
importante agora é procurar o seu médico para iniciar o pré-natal. Mas, afinal
o que é e para que serve o pré-natal?
O pré-natal é um acompanhamento da evolução da
gestação, em geral realizado pelo obstetra, que visa cuidar da saúde da mulher
e de seu bebê até que o parto ocorra. Vai além do cuidar da saúde física, pois
é durante o pré-natal que o médico orienta a mulher sobre sua gravidez, os
cuidados que ela deve ter neste período, a nutrição, exercícios, trabalho de
parto, parto, aleitamento e outros temas. Há a oportunidade de conversar sobre
suas dúvidas e seus medos, de ter um apoio. Algumas vezes outros profissionais
de saúde, além do obstetra, são requisitados para avaliar e/ou orientar a
gestante.
Vamos procurar falar um pouco sobre cada um destes
temas.
Em relação ao acompanhamento médico da gestação, a
primeira consulta deve ser realizada o mais precocemente possível, não devendo
ultrapassar o primeiro trimestre da gravidez. Nesta primeira consulta, o médico
faz o exame físico e ginecológico (não há risco em ser examinada, e é
importante o exame para verificar se está tudo bem) e alguns exames serão
solicitados.
Os exames realizados pela coleta de sangue e
considerados obrigatórios são o hemograma (para avaliar anemia), glicemia (para
saber se você tem diabetes), tipo de sangue (a gestante com tipo sangüíneo Rh
negativo, com parceiro Rh positivo, necessita de acompanhamento e orientação) e
exames para avaliação de infecções: VDRL (sífilis), HbSAg (hepatiteB), HIV
(Aids), sorologia para toxoplasmose e rubéola. As gestantes também fazem exame
de urina e papanicolaou (este, se estiver na época de realização).
O primeiro exame ultrasonográfico é realizado após
07semanas, não devendo ultrapassar a 14ª semana de gestação. Tem se optado por
realizar uma ultrasonografia obstétrica morfológica de primeiro trimestre, se
for possível, entre a 11ª e a 14ª semana de gestação, no sentido de ser feito
um primeiro rastreamento de malformações congênitas.
Nesta primeira consulta, se prescreve uma vitamina,
o ácido fólico, para ajudar na prevenção de malformações congênitas. O ideal é
que a mulher comece a tomar esta vitamina desde o momento em que deixa de
evitar a gravidez, pois seria bom que no momento da concepção esta prevenção já
estivesse em prática.
As consultas de pré-natal serão mensais até o
oitavo mês. A partir daí passarão a ser quinzenais e no último mês, até o
parto, serão semanais. Em nenhuma circunstância a gestante poderá ser
dispensada de consultas de pré-natal antes do parto ocorrer. Isto que dizer: as
consultas no último mês de gestação devem ser semanais, pois algumas
complicações podem ocorrer neste período, e, também, é quando as dúvidas sobre
os sinais do trabalho de parto mais aparecem. Em todas as consultas a mulher
deverá ser pesada, sua pressão arterial deverá ser medida, e a partir do 4º mês
ter medida a altura de seu útero (que indiretamente avalia o crescimento do
feto), além de ser ouvido os batimentos cardíacos do feto.
Em geral se realiza um exame ultra-sonográfico em
cada trimestre da gestação. Porém, lembre-se, nada substitui a consulta de
pré-natal e o exame obstétrico bem feito. A ultrasonografia é um exame
complementar.
ATIVIDADES FÍSICAS
Converse com o seu médico sobre as atividades
físicas durante a gravidez: As consideradas de baixo risco são as indicadas,
pois ajudam na diminuição do stress mecânico sobre as articulações e têm um
efeito diurético (aumentam a produção de urina), além de outras vantagens. São
elas: hidroginástica, caminhada, dança, natação (como atividade física, não
como exercício físico, que implica em ritmo, freqüência e duração e nem como
esporte, que implica em performance e competição), ciclismo, yoga. Podem ser realizadas
na gestação, se não houver alguma contra-indicação clínica, por, no máximo,
trinta minutos diários, de 3 a 5 vezes por semana.
As consideradas de médio risco devem ser realizadas
com cuidado e vigilância, somente por aquelas gestantes que já realizavam tais
atividades de forma habitual, e que têm preparo físico. Exemplo: ginástica,
aeróbica, tênis, musculação, patinação. Mesmo nestas gestantes estas atividades
não devem ser realizadas no último mês de gestação.
Está contra-indicada na gestação a prática de
vôlei, hipismo, mergulho.
A gestante não deve engordar mais do que doze
quilos durante a gestação. O ganho muito rápido ou excessivo de peso é
prejudicial a gestante e seu bebê pois, entre outras complicações, pode ser
fator desencadeante da pressão alta específica da gravidez e/ou da diabetes
gestacional, com conseqüências ruins a ambos.
Portanto, a mulher não deve comer por dois, mas,
deve ter uma alimentação saudável já que, ganhar pouco peso (menos de 7Kg)
também pode ser prejudicial. A grávida deve ter uma dieta fracionada (comer
pequenas quantidades, várias vezes ao dia), evitando o jejum prolongado (maior
do que 6 horas), prejudicial ao feto e que também pode acarretar mal-estar na
mãe devido à hipoglicemia (pouco açúcar no sangue). Também deve evitar encher o
estômago de uma vez, o que pode acarretar mal-estar e azia, devido à digestão
mais lenta da gestante e refluxo do estômago para o esôfago.
Engordar demais não é bom, mas, querer manter o
peso ou ganhar muito pouco, deixa a mulher susceptível a complicações e
conseqüentemente o bebê poderá ser afetado.
A dieta deve ser balanceada, incluindo vitaminas e
sais minerais (frutas e verduras), proteínas (leite, carnes e cereais), fibras
(verduras, aveia, milho, trigo, frutas), gorduras e carboidratos (pães, massas,
doces etc), estes dois últimos são alimentos energéticos, os quais devem ser
consumidos com moderação.
A partir do segundo trimestre da gestação, aumentam
as necessidades de ferro, proteínas e cálcio, pois o bebê inicia a fase de
crescimento rápido. Coma fígado e outras carnes, feijão, vegetais verde-escuros
e frutas, como laranja e limão, que ajudam a prevenir a anemia por falta de
ferro. O médico também costuma iniciar uma suplementação de ferro, através de
comprimidos nesta fase. Não se esqueça do leite e seus derivados (queijo,
iogurte etc.) que são importantes para a formação dos ossos e dentes do bebê.
Esta é uma orientação básica sobre a dieta durante
e gravidez. Siga as orientações do profissional que está acompanhando seu
pré-natal, pois existem situações em que há necessidade de restringir algum
tipo de alimento ou de recomendar a ingestão maior de outro, na decorrência do
peso inicial da grávida, presença de alguma doença (como hipertensão, diabetes
etc.) e outros fatores, que necessitarão de orientação específica.
Referências:
1. Mariani Neto, C &
Tadini V. Obstetrícia e Ginecologia. 1a. ed. São Paulo. Editora Roca, 2002.
2. MINISTÉRIO DA SAÚDE.
Assistência pré-natal. Manual Técnico. 3a. ed. Brasília: Secretaria de
Políticas de Saúde, 2000. 66p.
3. Tedesco, JJA. A
Grávida: Suas indagações e as dúvidas do obstetra. 1a. ed. São Paulo. Editora
Atheneu, 1999.