sábado, 19 de fevereiro de 2011

As atitudes de hoje ...



... refletem a aprendizagem de ontem. 

Na última edição falamos sobre como as crianças aprendem no contato com os adultos, não só com o que verbalizamos, mas principalmente com a forma que dizemos as coisas e com nossas atitudes. Hoje veremos com mais calma como ocorre o processo interno de aprendizagem. 
Antes de continuarmos quero te pedir para fazer um teste de memória. Gostaria que você fechasse seus olhos por alguns segundos e se lembrasse de um momento da sua vida no qual você estava muito feliz. Faça isto com riqueza de detalhes, lembre-se de como aquele fato ocorreu, de como você se sentia, das pessoas que estavam com você. Deixe esta lembrança o mais vívida possível. Agora pense um pouco e responda: Ao se lembrar, sua mente te trouxe uma imagem? Lembrou-se de algum som? Teve alguma sensação? Pode até ser que você sinta como se estivesse revivendo tais momentos. Se você se permitiu fazer este teste, você acaba de acessar um arquivo em sua mente.  
O ser humano registra as experiências vividas em espécies de arquivo que armazena as informações que recebemos pelos sentidos da visão, olfato, tato e paladar. Nossas experiências são feitas, portanto, do que vemos, sentimos e ouvimos, mas antes que os estímulos recebidos se tornem registros, eles passam por generalizações, crenças, distorções, o nosso estado de humor e outras variáveis que funcionam como uma espécie de filtro. Depois que passam por estes filtros, o que percebemos toma sentido, determinam o significado ao fato que vivemos. Isto explica porque duas pessoas que vivem um mesmo acontecimento falam dele de forma diferente e tão pessoal. Dois amigos podem assistir a um mesmo filme e um gostar e outro não. O evento foi o mesmo, o que mudou foi o registro na mente de cada um, pois os estímulos passaram por filtros diferentes. Esta é a forma do ser humano armazenar experiências. 
Agora voltando ao nosso foco, nossa comunicação com as crianças, já dissemos anteriormente que SEMPRE ensinamos algo ao nos relacionamos com elas. Será então que ensinamos os filtros também? Sim, uma criança que cresce ouvindo generalizações como “todo homem não presta”, ou “ninguém é confiável”, ao olhar para os fatos vai inconscientemente usar estes filtros ao dar significado a eles. Assim cresce aprendendo seus comportamentos e tendo atitudes determinadas por aquilo em que acredita. 
As crenças estão no nível mais inconsciente e muitas delas, nem sabemos que as temos. Mesmo assim, de forma silenciosa, elas interferem em nossas atitudes. A maior parte delas é armazenada enquanto ainda somos muito pequenos, até aproximadamente o sexto ano de vida. Parece incrível que fatos e coisas que uma criança de seis anos ouve, possa influenciar seu comportamento na fase adulta, mas é assim que funciona. Por esta razão é importante estarmos atentos ao que dizemos aos pequeninos, por que eles estão atentos, principalmente quando falamos deles.  
Embora não exista uma regra, até mesmo porque como descrevemos acima, cada um, de acordo com sua vivência, dará um significado diferente a sua aprendizagem, quero ressaltar a importância da honestidade na comunicação com a criança. Ao falar dela para ela, diga as coisas de forma positiva. Sei que nem sempre isto é possível, pois elas erram e nosso dever é ensiná-las, mas é bom que ensinemos respeitando a idade e maturidade que elas têm no momento. Quando estamos com pressa e preferimos dar o laço do cadarço do seu tênis e ainda dizemos “deixa que eu faço porque assim é mais rápido e você faz muito devagar” , estamos indiretamente dizendo que nós somos capazes e ela não. Ela pode até não ser capaz ainda para a tarefa, mas o será brevemente. Embora seja apenas um exemplo, quero deixá-lo aqui para pensarmos no quanto podemos colaborar na imagem que a criança terá dela mesma e na formação da sua auto-estima, dois fatores determinantes para uma vida adulta equilibrada.
 
Márcia Cristina Peixoto Vieira 



"Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo." Colossenses 3:21

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