...Indiferente
Antigamente, mesmo sem tantos recursos, as pessoas eram mais sensíveis aos acontecimentos do dia-a-dia, tais como os noticiários, aos comentários feitos no bairro, na cidade e no estado onde moravam.
Havia uma intensa preocupação com o outro; valorizava-se o ser humano como sendo o âmago das relações humanas.
Com o passar dos anos, décadas e milênios, o “progresso” chegou e, infelizmente houveram muitas mudanças que afetaram o interior da humanidade. O que deveria ser uma mudança externa, que não afetasse o ser, passou então a modificar de forma patológica as relações humanas, tornando os indivíduos insensíveis, frios, apáticos as necessidades do outro, e a indiferença foi à palavra relevante para todo esse processo.
O que deveria chocar, passou então a tornar-se banal, sem importância.
Embora a internet e seus sistemas de satélites encurtam as distâncias, percebe-se que as pessoas encontram cada vez mais distantes umas das outras, é o chamado individualismo e relativismo do mundo pós- moderno. O que importa é o ser o primeiro e único sempre, e o sentir-se bem, mesmo que essa postura fira ou agrida o próximo, aliás, “próximo”, essa palavra já não existe mais nos dicionários da vida em muitas pessoas. A palavra mais adequada à essas metamorfoses é “monstrificação e maquinização”. Isso é o que o homem tem se tornado, mostro e máquina.
Os avanços tecnológicos trouxeram consideráveis transformações em todo o mundo, principalmente nas áreas da ciência, indústrias, agronomia, etc., contudo, tais efeitos não mudaram o comportamento humano tornando-os homens melhores. Muito pelo contrário, quanto mais conhecimento, informação observa-se os cidadãos cada vez mais egoístas, individualistas, vivendo em seu “mundinho”, fechado a um sentimento tão puro e nobre, que é o amor. A falta desse ingrediente fundamental nas relações humanas têm tornados as pessoas como máquinas, isto é, totalmente imunes ao envolvimento relacional profundo e sincero, sem que dele se espere algo em troca.
Sem dúvida, outro fator de grande importância para a desconstrução dos verdadeiros sentimentos e atitudes é a desestruturação familiar e o abandono dos princípios e dos valores morais, que nos serviam como travas, limites, e nos traziam sempre à reflexão que tinha como consequência uma atitude sublime, a de respeitar em toda a totalidade da palavra.
A pergunta a esse redemoinho de mudanças é: O que fazer? Como mudar esse mundo? Será que conseguiremos?
Acredito que mudar o mundo não, mas posso influenciar pessoas através do meu viver. Através de minhas atitudes posso motivar minha família, meu bairro, minha cidade.
Ao escrever este texto, lembrei-me de uma grande mudança que houve no contexto social com o nascimento de Cristo. Ele vivia em uma época não muito diferente da nossa, pois as desigualdades, indiferenças, falta de amor e respeito eram a marca daquele tempo. No entanto, Jesus conseguiu mudar aquela realidade com o seu viver. Seu estilo de vida era totalmente voltado às necessidades sociais. Para ele, o homem era o elemento central de todo o seu ministério.
Jesus não via o homem como um ser isolado, mas como pessoas que tinham necessidades de serem amadas e respeitadas nas suas individualidades, e na coletividade. Foi por isso que cada indivíduo para ele era único. Sua mensagem era totalmente voltada para o homem completo, pois tinha uma visão holística do homem.
Cristo foi o maior psicólogo de sua época. Ele conseguia compreender o ser humano com profundidade. Cristo interagia junto à sociedade, entendendo-a e promovendo mudanças em sua estrutura. Tais mudanças aconteceram de forma profunda, de dentro para fora (Jo 3: 3; Jo 3:1-12). Sua motivação era trabalhar o interior humano, para que assim, todo o exterior pudesse sofrer mudanças. Sua mensagem, levada através de seu estilo de vida fez com que houvesse um equilíbrio social, onde pensamentos e sentimentos foram ajustados tendo como reflexo um comportamento social. Ex. (Jo 8: 1-11).
Portanto, a única forma para que haja mudanças reais e significativas na sociedade é encarnarmos a Educação Cristã, entendendo que esta deve ser um estilo de vida segundo os ensinamentos de Cristo e não uma disciplina, uma denominação (Ef 4: 22-25; Rm 12:2; 4: 1-7; 13-15), de maneira que sem Ele, nada poderemos fazer!.
Eliane Marques Pereira, 12-03-2011.
"E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne." Ezequiel 36:26
Nenhum comentário:
Postar um comentário