segunda-feira, 4 de abril de 2011

Perdão é...


...VIDA


Jesus nos ensinou a dois mil anos atrás que deveriamos perdoar. O discípulo Pedro questionou ao Mestre:
"Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?
Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete." Mt. 18:21 e 22
Então para que os seus discípulos entendesse a importância do perdão e como seria difícil liberar este sentimento e faze-lo fluir em suas vidas propôs uma parábola:


" Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos;
E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;
E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse.
Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.
Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves.
Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.
Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara.
Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste.
Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?
E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.
Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas." Mt, 18: 23 a 35

O Mestre dos mestres estava nos ensinando que o perdão é essencial a vida .
Esta semana foi publicado no site da iG uma reportagem muito interessante sobre as descobertas da importância do perdão para a saúde das pessoas, leia com atenção o texto reproduzido abaixo.



Especialistas dizem que é fundamental aprender a perdoar para conviver em uma sociedade cheia de conflitos, como a nossa
Cauê  Muraro, especial para o iG

"O recente caso das irmãs Josely e Juliana Oliveira, encontradas mortas em 28 de março na cidade de Cunha, interior de São Paulo, chamou a atenção não só pela brutalidade da ocorrência, mas também pelas declarações do pai. Ainda no velório das adolescentes, que estavam desaparecidas havia cinco dias, o trabalhador rural José Benedito de Oliveira, 57, disse que perdoava o assassino das filhas.
Por mais espantoso que possa parecer aos olhos de muita gente, o gesto é representativo, em alguma medida, do papel que o perdão cumpre em nossa vida. “O perdão é algo próprio do ser humano. E, por mais que se pense que ele é um tipo de sentimento, temos diversas evidências na ciência de que também faz parte da dimensão biológica. E a dimensão social interfere bastante”, avalia o psicobiólogo Ricardo Monezi, pesquisador da área de medicina comportamental da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Para perdoar é preciso entender que todo ser humano comete erros

Se o perdão não acontece verdadeiramente, fica um ressentimento que talvez seja nocivo. Diante da possibilidade da repetição do comportamento reprovável por parte da outra pessoa a quem foi concedido o perdão (por causa de uma traição, por exemplo), existe o risco de que se desencadeie um quadro de ansiedade ou depressão em quem perdoou mas não conseguiu superar o ocorrido. “Daí para doença de dimensão biológica pode ser um pulo”, afirma Ricardo.
O padre Valeriano dos Santos Costa, diretor da faculdade de teologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), considera que a convivência civil está, de alguma forma, condicionada ao ato de perdoar. “Ele estabelece, por natureza, uma abertura entre quem cometeu a falta e quem foi ofendido. Isso constitui uma maneira também de se viver em sociedade. Se isso não existisse, seria um desastre para o processo civilizatório.”

Sensação de bem-estar 
Três anos atrás, a cabeleireira Felicia Higa, de São Paulo (SP), separou-se oficialmente do marido, num casamento que fracassara já tinha uma década, pelo menos. “Meu ex-marido me tratou de uma maneira que nenhuma mulher merece, me magoou muito, sofri”, recorda. Foram 20 anos de união que, uma vez desfeita, rendeu outros problemas: a sogra de Felicia a pressionava por sua saída de casa e a acusava de ser responsável por uma doença do sogro.
“Apesar disso, eu a chamei para conversar. Aquela situação não poderia continuar, prejudicaria minha filha e meu filho também”, conta Felicia. “Depois da reunião, eu perdoei. Não tenho mágoa dela, nem do meu ex-marido. Não foi fácil, mas passei a me sentir mais leve e, a partir dali, muitas portas se abriram para mim, aprendi muita coisa. Mudei de casa e de trabalho também. E penso: por que não saí antes de lá?”
A história de Felicia mostra as dimensões pelas quais passa o perdão, conforme falava Ricardo Monezi. De acordo com ele, diversos estudos conseguem indicar áreas do cérebro relacionadas à elaboração do perdão. Quanto ao processamento das emoções, ele está, do ponto de vista biológico, muito próximo de outro sentimento, a compaixão.
Hoje em dia, a ciência vem demonstrando que as pessoas que geralmente exercitam o sentimento de perdoar têm uma melhor qualidade de vida. E existem indícios na literatura médica mostrando que, ao perdoarmos, temos sensação de bem-estar. Isso poderia ser correlacionado à liberação de substâncias químicas. “É como se você, quando pratica o perdão, recebesse uma recompensa do seu cérebro”, exemplifica Monezi.

Além da biologia 

Impossível, no entanto, definir o perdão como algo puramente biológico, prossegue o psicobiólogo. O ponto chave do perdão é de natureza psicológica. Não se trata de alguma coisa que deva ser vivida simplesmente em níveis fisiológicos. “Você não vai conseguir perdoar apenas verbalizando, com palavras como ‘eu te perdoo’. Perdoar é buscar um entendimento de que o erro também faz parte do ser humano. E que você, como um ser humano, poderia ter cometido o mesmo erro”.
Assim, perdoar sem compreender seria uma contradição. E tomar o perdão como sinônimo de esquecimento pode trazer danos. O esquecimento não possibilitaria qualquer aprendizado acerca de ética, de moral ou mesmo de crença. “O perdão é a forma mais eficaz de lidar com ofensas que causam mágoas num relacionamento humano e comunitário”, observa o teólogo Valeriano dos Santos Costa.
A contadora Priscilla Braga Gomes Ferreira, de Belo Horizonte (MG), tem experimentado o quanto esse componente de franqueza interfere no perdão. Até ela completar dez anos de idade, o pai era uma figura que ela considerava exemplar no convívio com a família. Mas então ele começou a beber em excesso – e ao longo das duas décadas seguintes a relação dele com Priscilla e os dois irmãos foi prejudicada. “Não é que ele nos agredia, isso não chegou a acontecer. Mas ficava muito agressivo verbalmente. Era difícil de suportar, mesmo ele sendo uma boa pessoa.”
Não chegou a existir uma briga definitiva, afirma Priscilla, tampouco ausência de afeto. “Tem dois anos que meu pai parou de beber. Eu já não lembrava nem mais como era conversar com ele. Passamos anos e anos sem isso. A gente se evitava. Na época, eu estava magoada, mas hoje não guardo nenhum rancor. O sentimento não é de raiva, é de felicidade, alívio. E hoje conseguimos conversar sobre isso.”
O conceito de perdão, naturalmente, é variável – como são variáveis as culturas. Necessitamos contabilizar, ainda, as questões religiosas. A única constante é que sem ele as relações ficam mais complicadas, o que vale para família, trabalho etc. Na medida em que não existimos sem conflito, o perdão é fundamental, na visão de especialistas."




"Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama." Lucas 7:47

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